quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nada.

Bem, parece que a minha última chamada telefónica me iluminou para o que vem a seguir. Isto porque não tinha ideias para escrever sobre nada, literalmente. O que não costuma acontecer. Só no caminho casa-trabalho-faculdade, passam.me mil e um pensamentos pela cabeça. Desde a senhora que está à minha frente no metro que tem um tique esquisito, ou o porquê de metade das pessoas que vejo no metro dos 8 aos 80 adormecerem com a cara no vidro (mas será que Portugal é um país cansado onde ninguém dorme à noite?), ou aquele casal tão apaixonado perdido em demonstrações de carinho que se está literalmente nas tintas para as restantes 50 pessoas que os está a observar, ou a vida difícil de motorista do metro, que não vê a luz do dia durante quase todo o seu horário laboral.
O que acontece é que o mundo está cheio. Cheio de tudo. E nada. O mundo também está cheio de nada.Quando não surgem ideias para um texto (como agora), quando alguém nos dá uma resposta tão má que não surge nada para responder naquele segundo, quando nada parece estar certo, ou errado, quando não há nada para fazer, quando não há nada que justifique tantas coisas. Quando principalmente o nada de uns é tanto para outros.

Já imaginaram a quantidade de fenómenos que se passa no mundo enquanto estamos a fazer NADA?

Enquanto o Nada existe, Tudo acontece. Enquanto durmo ou faço aquele zapping matinal, por exemplo, estão pessoas a chegar no trabalho, estão crianças a nascer, estão reuniões de trabalho importantes a acontecer, estão decisões ainda mais importantes a serem tomadas, está alguém no mundo a ser despedido, outro alguém a discutir, está meio mundo a enviar sms, está alguém a sentir-se muito mal, alguém a chorar, gente muito triste ou extremamente feliz. Alguém neste momento pensa ser o alguém de alguém. Enquanto o Nada ancontece, alguém está tão apaixonado que nem o consegue expressar por palavras, alguém está a desistir, de qualquer coisa, mais ou menos importante. Alguém no mundo está tão perdido que a mínima luz seria perfeita, alguém está tão ansioso que não controla a respiração, há outro alguém que está tão nervoso que não consegue parar de tremer. Alguém do outro lado do mundo treme de frio. Algures por aí existe alguém a morrer de calor.

Será verdade que o nada existe?



Enquanto eu escrevo sobre Nada, tu lês isto Tudo.

E do Nada se escreve um texto.

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